Hoje ouvimos ler parte do poema "Para fazer o retrato de um pássaro". poema escrito por Jacques Prévert, um poeta francês.
É um poema muito bonito que brinca com as palavras. Se seguíssemos as suas dicas, desenhávamos uma gaiola e saíamos para procurar uma árvore onde encostar a tela e no fim apagávamos todas as grades da gaiola. Ficamos um pouco a discutir o que queria o autor dizer e todos concordamos que ele, tal como nós, acha que os pássaros devem viver livres!
Desenhamos depois os nossos pássaros. Ninguém desenhou a gaiola, todos escolheram pô-los no seu habitat natural. Até pinguins apareceram!
Ficam aqui os nossos desenhos e o poema completo. Será que o poeta ia gostar deles?...
Para fazer o retrato de um pássaro
Pinta primeiro uma gaiola
com a porta aberta
pinta a seguir
qualquer coisa bonita
qualquer coisa simples
qualquer coisa bela
qualquer coisa útil
para o pássaro.
Agora encosta a tela a uma árvore
num jardim
num bosque
ou até numa floresta.
Esconde-te atrás da árvore
sem dizeres nada
sem te mexeres…
Às vezes o pássaro não demora
mas pode também levar anos
antes que se decida.
Não deves desanimar
espera
espera anos se for preciso
a rapidez ou a lentidão da chegada
do pássaro não tem qualquer relação
com o acabamento do quadro.
Quando o pássaro chegar
se chegar
mergulha no mais fundo silêncio
espera que o pássaro entre na gaiola
e quando tiver entrado
fecha a porta devagarinho
com o pincel.
Depois
apaga uma a uma todas as grades
com cuidado não vás tocar nalguma das penas
Faz a seguir o retrato da árvore
escolhendo o mais belo dos ramos
para o pássaro
pinta também o verde da folhagem a frescura do vento
e agora espera que o pássaro se decida a cantar.
Se o pássaro não cantar
é mau sinal
é sinal que o quadro não presta
mas se cantar é bom sinal
sinal de que podes assinar.
Então arranca com muito cuidado
uma das penas do pássaro
e escreve o teu nome num canto do quadro.
(tradução de Eugénio de Andrade do original “Pour faire le portrait d’un oiseau” de Jacques Prévert)
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